Publicado em 14/01/2011 - 0 comentários
Região Serrana tem 484 mortes confirmadas;
centenas estão soterradas, diz Defesa Civil
O segundo dia de resgates elevou para 484 o número de mortos
pelas chuvas na Região Serrana, até as 22h de ontem.
Trata-se da maior tragédia natural já vivida no Brasil,
superior aos 436 mortos registrados nas chuvas de 1967
em Caraguatatuba, em São Paulo.
Além de Nova Friburgo - que já é a cidade mais atingido
pela força das águas - Teresópolis e Petrópolis, foram
registradas mortes em outros dois municípios da região:
Sumidouro e São José do Vale do Rio Preto. Nesta,
rios de lama passam por ruas e até terrenos onde havia casas -
e já não restam paredes de pé. No município de Areal,
estão desabrigadas mil pessoas - cerca de 10% da população local.
Nesse cenário de horror, a tendência é de que esses números
cresçam muito mais, já que há dificuldade de chegar
a algumas localidades. Segundo a Defesa Civil,
ainda há centenas de pessoas soterradas.
A Prefeitura de Teresópolis mandou abrir 303 covas no
cemitério municipal. Segundo o secretário municipal de
Obras e Serviços Públicos, Luiz Antônio da Costa Jorge,
a medida é uma precaução, baseada na estimativa
do total de mortos na cidade.
Além disso, o mau tempo e o risco de novos deslizamentos
têm prejudicado os resgates nos municípios.
Saques Com a desordem, já começam a surgir relatos de saques.
Voluntários que trabalham na identificação dos corpos
disseram à Folha de S.Paulo que há pessoas levando bens
deixados em meio a escombros de casas.
O Ministério da Saúde enviou sete toneladas de remédios
e insumos para a Região Serrana, além de 350 profissionais.
Serão construídos dois hospitais de campanha.
Doações em dinheiro podem ser feitas ao Fundo Estadual
de Assistência Social, em contas abertas no Itaú,
no Bradesco e no Banco do Brasil.
Dilma encara 1ª situação de crise de seu mandato
Com a tragédia na Região Serrana do Rio, a presidente
Dilma Rousseff enfrenta a primeira situação de crise de seu governo.
Menos de 24 horas depois do início da contagem dos corpos,
ela sobrevoou a área e andou pelas ruas sujas de lama de Nova Friburgo.
Dilma disse que tragédias como a do Rio podem ser evitadas
com políticas habitacionais. "A moradia em área de risco no
Brasil é a regra, não é a exceção", afirmou em sua
primeira entrevista coletiva após a posse.
Ele encerrou a entrevista com uma manifestação de
solidariedade às famílias dos mortos na tragédia.
O governador Sérgio Cabral, que estava ao lado de Dilma,
disse que as mortes eram uma "tragédia anunciada".
Ele culpou a permissividade de prefeitos da região,
que permitiram que pessoas de baixa renda ocupassem locais de risco.
Imagens de resgate correm o mundo
Entre os muitos resgates feitos pelos próprios moradores,
um correu o mundo e foi exibido pela rede americana CNN.
"Pedi, pelo amor de Deus, que meus vizinhos não me deixassem
morrer ali", disse a dona de casa Ilair Pereira de Souza, de 53 anos, ao portal G1.
Em meio à enxurrada, dona Ilair procurou abrigo na laje
, junto com o cachorro Beethoven. Ela conta que as águas
levaram a casa "como papelão".
As imagens mostram-na amarrando ao corpo a corda lançada
pelos vizinhos e se lançando nas águas, com o cachorro nos braços.
Em seguida, os vizinhos começam a puxá-la, mas ela não consegue segurar o animal.
"Não consegui segurá-lo. Se tentasse, eu iria morrer.
Ele ficou me olhando com aquele olhinho triste e
se foi naquela água. Não tinha o que fazer", contou.
A presidente
fotos: reprodução
em Friburgo: caminhada e coletiva
Desastre no
Rio é o pior da história do país
Publicado em 14/01/2011 - 0 comentários