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sábado, 19 de fevereiro de 2011

Protestos querem o fim da Monarquia absolutista-Bahrein-mundo arabe-jpv-imprenssa livre


Funerais e preces se convertem em protestos antigoverno no Bahrein

Multidão protesta durante enterro de manifestante, nesta sexta
Enterros e preces reuniram milhares de pessoas no país
Os funerais de vítimas de confrontos com a polícia se transformaram, nesta sexta-feira, na maior manifestação até o momento contra o governo de Bahrein, no golfo Pérsico.
Dezenas de milhares de pessoas compareceram aos enterros, muitos carregando cartazes e cantando slogans de oposição ao governo do xeque Hamad bin Isa Al-Khalifa.
Pouco depois, as preces de sexta-feira se converteram em mais uma oportunidade de protesto. Em uma mesquita, xiitas gritavam "vitória ao Islã" e morte à família real bareinita.
A correspondente da BBC Caroline Hawley diz que, por causa das mortes – que foram ao menos três, ocorridas durante protestos pró-democracia na quinta-feira –, as tensões cresceram na capital, Manama.
Demandas prévias por reformas constitucionais agora evoluíram para um pedido mais geral, pela remoção da dinastia sunita que governa o país há mais de 200 anos.
Um novo protesto deve ocorrer nesta sexta, mesmo depois de o governo ter proibido as manifestações públicas.
As forças de segurança não interferiram até o momento nesta sexta, mas há tanques posicionados em locais estratégicos de Manama. O ministro do Interior, Rashed bin Abdullah Al-Khalifa, disse que os soldados tomariam quaisquer medidas necessárias para preservar a segurança do país.
O Ocidente, por sua vez, instou o governo a ser cauteloso na repressão aos protestos e a promover reformas no pequeno reino, que tem população menor que 1 milhão de habitantes, mas possui valor estratégico: é importante aliado americano no Oriente Médio e abriga uma base da Quinta Frota Naval dos Estados Unidos.
Tensões
Desde sua independência da Grã-Bretanha, em 1971, o Bahrein tem registrado tensões entre a elite sunita e a maioria xiita, que se diz marginalizada e reprimida.
Agora, essas tensões ganharam força em meio à atual onda de levantes nos países árabes e muçulmanos, que já levaram à renúncia dos presidentes da Tunísia e do Egito.
O uso da força militar nos protestos recentes colocou a família real de Bahrein em rota direta de confronto com os xiitas, que compõem a maioria dos manifestantes, relata o correspondente da BBC no Oriente Médio Jon Leyne.
O funeral de duas vítimas – dois homens, de 20 e 50 anos – ocorreu em um bairro xiita de Manama. Os caixões foram envoltos em bandeiras do país e levados em cortejo pelas ruas do bairro.
A multidão presente gritava pedindo “justiça, liberdade e monarquia constitucional”. Alguns disseram que estão dispostos a sacrificar suas vidas para derrubar o governo.
“Haverá violência, haverá confrontos”, disse à BBC nesta sexta um manifestante que se identificou como Sayed. “Bahrein está passando por um túnel escuro.”

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