Na Cinelândia, africanos e até americanos fazem protestos contra Obama

Jornal do BrasilJorge LourençoTamanho do Texto:

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Primeiro presidente negro do país mais poderoso do mundo, Barack Obama foi alvo de manifestantes africanos que estiveram na Cinelândia neste domingo. Sem rancor ou frases de ódio, os protestos pediam apenas que o líder americano adotasse uma posição mais clara em relação às ditaduras ainda muito presentes na África.

"Não tenho nada contra o Obama, acho até que ele tem feito um bom trabalho, dadas as condições do governo que ele pegou", analisa o queninano Jimmy Edward, que carregava uma placa pedindo o fim do derramamento de sangue no continente. "Só acho que ele deveria ter uma posição mais forte. Outros governantes não teriam demorado tanto para começar uma ação na Líbia. A paciência é uma virtude, mas também pode colocar muitas vidas em jogo"

Angolano Pedro Rosa levanta cartaz pedindo a Obama que ajude a democracia na ÁfricaJá o angolano Pedro Rosa, que passou horas parado na única entrada do público para o discurso com uma placa que lembrava o terror das ditaduras africanas, foi mais duro. Para ele, a falta de pulso de Obama tem razões econômicas.
"Como primeiro presidente negro dos Estados Unidos, ele deveria olhar para a África com mais carinho. A intervenção que está acontecendo na Líbia não é motivada por uma busca pela liberdade, e sim pelo petróleo", analisa. "Se a motivação fosse apenas incentivar a liberdade, ele já teria tomado uma atitude em relação ao Mugabe, que tem devastado o Zimbábue".
Luta de Wisconsin é lembrada
Brasileiros e africanos não eram os únicos a protestar contra Obama. O professor americano Thaddeus Blanchette também foi duro com o compatriota e cobrou atuação mais forte do partido democrata na crise de Wisconsin, estado do centro-leste dos Estados Unidos. Lá, o governador republicano Scott Walker criou uma lei que acabou com os sindicatos de trabalhadores da região. Policiais e funcionários públicos foram os mais afetados.
- A mídia internacional praticamente não repercute essa crise. Para se ter uma ideia, a polícia de Wisconsin se recusa a proteger o Scott Walker, que foi obrigado a requisitar a presença da Guarda Nacional nos seus eventos - conta Thaddeus. - E o que Obama fez me relação a isso? Nada. Pediu que houvesse diálogo, mas ignorou o estado. Hoje, funcionários públicos estão ocupando o capitólio, mas o governo federal nos ignora.