Carnaval 2011: Roberto Carlos fica no meio do tiroteio entre Paulo Barros e Laíla
Se Roberto Carlos é o Rei, a quadra da Beija-Flor de Nilópolis se tornou o seu mais novo castelo. A escola da Baixada Fluminense estendeu seu poderoso tapete azul e branco para reverenciar Roberto Carlos e, nesta quarta, após uma votação arrasadora — um ponto e quatro décimos à frente da Unidos da Tijuca —, devolveu ao cantor toda a emoção que ele inspirou ao Brasil. A Baixada se uniu nos versos da canção: “Como é grande o meu amor por você”. E Roberto devolveu. Após assistir à apuração em casa, na Urca, rumou para a festa na quadra da Azul e branco, em Nilópolis.
’Eu ficaria muito honrado’
O homem que ensinou o Brasil a cantar suas emoções provocou uma avalanche de felicidade e verdadeira tormenta, ao mesmo tempo, durante a apuração das notas do jurados na Sapucaí. Como na mais clássica das canções do Rei, enquanto a Beija-Flor sorria, feliz, pelo título, a Unidos da Tijuca derramava lágrimas e lançava farpas pela perda do bicampeonato. E mais: debochava da vitória da Beija-Flor.
Carnavalesco da Unidos da Tijuca, ovacionado pelo público, Paulo Barros defendeu a Mangueira, terceira colocada do Grupo Especial, e desdenhou do título da Beija-Flor:
— Ainda não entendi como deram 9 para a bateria da Mangueira. Eles fizeram um trabalho excepcional. Agora, sobre a Tijuca, eu estava pensando em homenagear a Madonna em 2012. Mas, como dizem que sou muito internacional, vou homenagear o Neguinho da Beija-Flor, porque ganharei várias notas 10.
Diretor de carnaval da Azul e branco de Nilópolis, Luís Fernando do Carmo, o Laíla, devolveu a provocação, na saída da Praça da Apoteose:
— Digo, com a mesma ironia, que escola de samba não é o que ele (Paulo Barros) apresenta. Carnaval não é isso!
Com toda a diplomacia acumulada no currículo de bamba, Neguinho não apimentou a polêmica entre as duas agremiações — que travam um duelo à parte nos desfiles há muitos carnavais.
— Eu ficaria muito honrado com esse enredo. Até desfilaria na Tijuca, em cima do último carro — disse, sorrindo, o intérprete, que viu a escola vencer com o samba do filho J.R.
Perdedores falam em vitória do marketing
A artilharia de Laíla não se restringiu a Paulo Barros. O poderoso diretor da Beija-Flor mirou seu canhão verbal em direção ao carnavalesco da própria escola, Alexandre Louzada, que já avisou estar de saída. Os dois brigaram há seis meses.
— Ele não fez p... nenhuma no desfile. O trabalho é todo do Victor Santos, Fran Sérgio, Bira, André e da comissão de carnaval. Quem decide a permanência dele é o Seu Anísio — afirmou Laíla.
O presidente de honra da escola não quis polemizar:
— A gente ainda vai conversar.
Já na quadra da Unidos da Tijuca, sobraram farpas até para Roberto Carlos.
— É a vitória do marketing. Como um Rei iria ter o segundo lugar? A comissão de frente da Beija-Flor foi a mais fraca — reclamava o estudante Gustavo Moreira, de 18 anos.
Vestidos com a camisa do Vasco, time do coração do presidente da Unidos da Tijuca, Fernando Horta, integrantes da torcida não se conformavam em ser vice.
— É um roubo, esse resultado é manipulado — bradava o vascaíno Eduardo Gomes, de 32 anos.
Filha de Bento Vasconcelos, fundador e primeiro presidente da escola, Almerinda Vasconcelos, de 76 anos, tentava conter o choro:
— A Tijuca foi roubada. Isso é revoltante. Fizemos um carnaval lindo.
Jovens e crianças, fãs das alegorias criativas e ousadas do carnavalesco Paulo Barros, lotavam a quadra. Moradora de Meriti, Tatiana Melo, de 11 anos, foi com a avó, Alceni, e saiu desolada.
— Queria ser campeã — lamentava, com os olhos cheios de lágrimas.
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