Sem visto, dalai-lama cancela viagem à África do Sul
País teria sido pressionado pela China a não conceder o visto; Desmond Tutu compara atitude do governo atual ao apartheid
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O Nobel da Paz Desmond Tutu criticou o governo sul-africano em coletiva de imprensa concedida em Cape Town
O dalai-lama, líder espiritual do Tibete, cancelou uma viagem à África do Sul prevista para essa semana por não ter recebido o visto das autoridades. A visita do monge budista deixou o governo sul-africano em um dilema entre seu maior parceiro comercial, a China, e um dos seus heróis nacionais, o vencedor do Nobel da Paz Desmond Tutu.
Dalai-lama havia sido convidado por Desmond Tutu, Prêmio Nobel da Paz em 1984, para participar das celebrações dos 80 anos do ex-arcebispo herói da luta contra o apartheid. Um assessor explicou que ele não receberia o visto há tempo e o pedido foi feito há várias semanas. O líder espiritual deveria fazer a conferência inaugural do evento "Desmond Tutu pela paz", no sábado, na Cidade do Cabo.
A África do Sul foi pressionada pela China a não conceder o visto, porque Pequim considera que o dalai-lama comanda um movimento separatista perigoso no Tibete. O dalai-lama, que vive exilado na Índia, diz que reivindica apenas mais autonomia para a sua região natal, por meios pacíficos.
"Estamos agora convencidos, portanto, de que por qualquer razão ou razões, o governo da África do Sul acha inconveniente emitir um visto para sua santidade o dalai-lama", disse em nota o gabinete dele.
Em resposta, Desmond Tutu afirmou que o atual governo sul-africano agiu pior do que o governo no tempo do apartheid. "Nosso governo é pior do que o governo do apartheid (...) porque só se espera uma coisa assim do governo do apartheid", declarou.
O dalai-lama foi apontado como um farol para a paz na África do Sul quando o regime racista do apartheid acabou, há uma década e meia, mas ele se tornou uma dor de cabeça para a diplomacia do país, porque o futuro econômico sul-africano está cada vez mais vinculado a Pequim.
A última vez que ele esteve no país foi em 1996, quando foi recebido pelo então presidente Nelson Mandela (1999 - 2004). O dalai-lama não conseguiu retornar desde que Jacob Zuma foi eleito presidente, já que o chefe de Estado se negou a autorizar o visto em 2009 para satisfazer a China.
Com AFP e Reuters
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