Presidente do TRT-RJ ataca presidente da OAB-RJ e pede informações ao Coaf
Sallaberry se dirigiu diretamente ao presidente da Ordem dos Advogados do Brasil do Rio (OAB-RJ), Wadih Damous, que disse que o TRT deve apurar o caso e informar o nome do servidor em questão.
“Entendo como levianas e açodadas as declarações do presidente da OAB-RJ. O TRT não tem poder investigativo”, afirmou Sallaberry. “Mesmo que nós soubéssemos quem é o responsável por essas operações, por lei, o máximo que podemos fazer é abrir uma sindicância sigilosa, sem divulgar nomes”.
Sallaberry criticou as recentes declarações feitas por Wadih Damous, que afirmou não querer “mais um lalau” no Tribunal. Ela se disse decepcionada com o comportamento do advogado. Visivelmente emocionada, a desembargadora também comentou que a polêmica gerada afeta diretamente os funcionários do órgão, colocando todos sob suspeita.
Em nota oficial, Sallaberry registrou que o conhecimento jurídico que o presidente da OAB-RJ detém deveria impedi-lo de cobrar a identificação do responsável pelas movimentações financeiras atípicas. Ela afirmou ainda que o Estado democrático de Direito exige prévia apuração dos fatos antes de se condenar ou acusar alguém.
Segundo a desembargadora, o TRT-RJ não recebeu notificação oficial de nenhum órgão fiscalizador sobre essas movimentações financeiras, inclusive do Coaf.
Suposto ex-doleiro
Sobre as acusações de que a pessoa envolvida nas transferências já teria sido condenada, Sallabery disse que, para tomar posse como servidor público, é preciso não ser condenado. Ela revelou que, nos últimos dez anos, não houve nenhum funcionário do Tribunal com sentenças da Justiça e afirmou, com veemência, não saber quem seria o responsável pelas manobras monetárias. Ela acrescentou que a investigação do caso é da competência do Ministério Público Federal.
À Procuradoria, ela pergunta se existe inquérito ou ação penal relacionada às movimentações financeiras. No caso de não haver, a magistrada solicita que seja instaurado um inquérito para apurar os fatos.
Operações atípicas
Segundo relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), entre 2000 e 2010, juízes e servidores movimentaram uma quantia equivalente a R$ 855,7 milhões de maneira atípica - quando não há explicação imediata para o origem da verba.
No Rio de Janeiro, as informações do Conselho dão conta de que no Tribunal Regional do Trabalho (TRT/RJ) uma única pessoa teria movimentado R$ 282,9 milhões através de 16 operações financeiras em 2002.
Outros estados com grandes movimentações atípicas foram São Paulo, Bahia, Pernambuco, Minas Gerais, Roraima, Espírito Santo, Paraíba e Distrito Federal.
Apuração: Luciano Pádua
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu Comentário será analizado , tenha Respeito aos Leitores e a si mesmo...