Missão da Liga Árabe na Síria é uma farsa, diz ex-observador
13:49, 11/01/2012 REDAÇÃO ÉPOCA MUNDO TAGS: 100112, AL JAZEERA, BASHAR AL-ASSAD, LIGA ÁRABE, SÍRIA
A missão de observadores da Liga Árabe que está desde dezembro na Síria, para verificar se o regime do ditador Bashar al-Assad está cumprindo o acordo de colocar fim à repressão violenta contra seus opositores, sofreu nesta quarta-feira (11) um duro golpe. O argelino Anwar Malek (foto), que esteve com o grupo na Síria, abandonou a missão e deu uma entrevista para a rede de TV Al Jazeera, do Catar, fazendo duras acusações ao governo de Assad, que segundo ele está tentando enganar os observadores.
“A missão foi uma farsa. Os observadores foram feitos de bobos. O regime fabricou e orquestrou a maior parte do que vimos para evitar que a Liga Árabe não tomasse providências contra o regime. (…) O que eu vi foi um desastre humanitário. O regime não está apenas cometendo um crime de guerra, mas uma série de crimes contra sua população”, disse. |
De acordo com Malek, há franco-atiradores “em todos os lugares” (uma preocupação que a Liga Árabe já havia manifestado) e pessoas ainda estão sendo presas e torturadas por forças leais a Assad. Segundo o ex-observador, os tanques de guerra só foram retirados das cidades sírias enquanto os membros da Liga Árabe estavam realizando suas inspeções. Quando eles iam para outra localidade, os tanques retornavam.
O depoimento de Malek, ao mesmo tempo que confirma as acusações contra o regime Assad, servirá para afetar ainda mais a imagem da missão da Liga Árabe. Os observadores já chegaram à Síria sob desconfiança e, mesmo com sua presença, opositores de Assad afirmaram que a matança continuava. Na terça-feira, a embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas, Susan Rice, afirmou que desde que os observadores chegaram ao país, cerca de 400 pessoas foram assassinadas.
A atuação da Liga Árabe, ainda que alvo de questionamentos, é a forma encontrada até aqui para evitar o agravamento da crise. Diante dos massacres cometidos pelo governo, países como Turquia e França cogitaram intervenções estrangeiras, mas analistas temem que tal possibilidade poderia ter um efeito catastrófico, gerando uma guerra de proporções regionais no Oriente Médio devido à sensível posição que a Síria ocupa no jogo geopolítico da região.
Foto: Reprodução
José Antonio Lima
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