"Levo no meu coração as justas aspirações e legítimos desejos de todos os cubanos, onde quer que se encontrem, seus sofrimentos e alegrias, suas preocupações e desejos mais nobres e de modo especial dos jovens e velhos, dos adolescentes e crianças, dos enfermos e trabalhadores, dos presos e de seus familiares, assim como dos pobres e necessitados", afirmou o Pontífice, diante do presidente Raúl Castro.
Desde a visita de João Paulo II à ilha, em 1998, a Igreja Católica vem se tornando um dos principais interlocutores do governo cubano e muitos esperam que a visita sirva para ampliar o papel mediador do Vaticano em assuntos sensíveis como presos e dissidentes políticos.
Outra expectativa é que a visita de Bento XVI ajude a ampliar participação da Igreja na vida da ilha por meio de programas sociais e educativos.
"Um dos frutos importantes daquela visita foi a inauguração de uma nova etapa nas relações entre a Igreja e o Estado cubano. Mas ainda há muitos aspectos em que se pode e deve avançar", disse o Pontífice hoje.
Em seu discurso, Raúl Castro de certa forma respondeu às críticas de falta de democracia em Cuba e fez referência indireta às reformas que vem implementando desde que assumiu o poder em 2008.
"A nação seguiu invariavelmente mudando tudo o que deve ser mudado conforme as altas aspirações do povo cubano e com a livre participação desses nas decisões transcendentais de nossa sociedade, incluindo as econômicas e sociais", afirmou Raúl.
Dissidentes e exilados
Mais de 300 cubanos americanos e outros peregrinos foram a Cuba. Alguns beijaram o solo ao chegar ao aeroporto de Santiago. Muitos do grupo, que leva 16 mil rosários para distribuir no país, não haviam voltado à ilha desde que suas famílias fugiram há mais de 50 anos.
A chegada do Papa coincide com a prisão de 22 mulheres participantes do Damas de Branco, um grupo de ativistas cujas ações normalmente são toleradas pelo regime, mas que vem sofrendo um maior controle com a aproximação da visita. É a segunda vez em um intervalo de 15 dias que as Damas sofrem detenções.
A expectativa do grupo é poder falar com o Papa sobre direitos humanos. Entretanto, o encontro que as dissidentes solicitaram ao Vaticano em carta e em reiteradas declarações à imprensa estrangeira dificilmente será atendido.
"Fizemos uma lista com 46 presos políticos para que, se houver a possibilidade de indulto, eles possam ser beneficiados, ou todos ou pelo menos a maioria deles", disse ao GLOBO Berta Soler, porta-voz das Damas de Branco.
A visita do Papa é vista como uma tentativa de Cuba de obter o peso político do Vaticano a favor do regime controlado pelos irmãos Castro há 50 anos. Já para a Igreja, trata-se de um estímulo ao catolicismo em um país no qual a religião é praticada regularmente por cerca de 10 % da população.
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