Síria: 20 mil marcham contra o Presidente

Protesto nos funerais dos mortos na mesquita de Omari. Para sexta está a ser convocada uma mega-manifestação através das redes sociais

Várias pessoas morreram esta sexta-feira num ataque contra uma manifestação na região de Deraa, sul da Síria, informou um activista dos direitos humanos, citado pela agência «France Press».

«Vários manifestantes perderam a vida nos disparos em Sanamein, quando seguiam para Deraa», afirmou a mesma fonte. Sanamein fica 40 km a norte de Deraa.

Milhares de pessoas participavam em Deraa nos funerais de várias vítimas dos últimos protestos políticos, num ambiente de tensão. Deraa, cerca de 100 quilómetros a sul de Damasco, foi palco nos últimos dias de duros confrontos entre manifestantes da oposição e forças policiais, com dezenas de civis mortos, a maioria deles pela violência que se suscitou na quarta-feira passada.

Enquanto isso, em Damasco, que também foi palco de protestos públicos parecidos nos últimos dias, embora sem mortos, dezenas de manifestantes enfrentaram forças policiais.

Segundo a «Al Jazeera», os confrontos ocorreram durante uma manifestação para pedir a libertação dos presos dos últimos protestos e em solidariedade às vítimas de Deraa.

De acordo com a «Al Arabiya», dezenas de pessoas foram detidas em Damasco por causa desses protestos.

Na Síria, pelo menos 15 pessoas morreram em confrontos com as forças da autoridade, mas há receios de que o saldo da violência na cidade de Deraa seja muito maior. À «BBC» chegaram testemunhos de 37 mortos.

Há relatos de que a polícia abriu fogo sobre os manifestantes, pelo menos três vezes, incluindo num funeral. Ainda assim, os sírios não se mostraram assustados e, ainda esta quinta-feira, 20 mil marcaram presença nos funerais de nove dos manifestantes mortos, entoando cânticos a reclamar a liberdade, segundo noticia a agência «Reuters».

A exemplo do que aconteceu no Egipto, as redes sociais estão a ser usadas para convocar para os protestos. Para sexta-feira está a ser organizada uma mega-manifestação.
Esta é a maior contestação que o presidente Bashar al-Assad enfrenta desde que substituiu o pai no poder.

Os confrontos rebentaram na quarta-feira, quando as autoridades invadiram a mesquita de Omari , quartel-general dos protestantes.