125 brasileiros estão em região
crítica de protestos na Líbia
Governo do Brasil tenta acelerar retirada dessas pessoas
Do R7, com agências internacionais
Mahmud Turkia/AFP
Pessoas que apoiam o regime de Muamar Kadhafi fazem manifestação na capital da Líbia
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil informou neste sábado (19) que 125 brasileiros estão região de Bengazi, um dos principais centros de manifestação contra o governo da Líbia – os protestos deixaram ao menos 84 mortos, de acordo com dados da organização internacional Human Rights Watch.
Neste sábado (19), George Ney de Souza Fernandes, embaixador do Brasil na Líbia, viajou de Trípoli, a capital, para Bengazi, a segunda maior cidade do país, com o objetivo de verificar a situação dos brasileiros, que são funcionários e familiares de trabalhadores da construtora Queiroz Galvão, que tem uma obra na região. De acordo com o Itamaraty, a empresa fretou um avião para levar cem pessoas para Trípoli, onde a situação é mais calma.
O governo brasileiro diz que nem todas as pessoas consideram que é necessário deixar a região, por isso nem todas vão viajar para a capital da Líbia.
De Trípoli, essas pessoas devem voltar ao Brasil em um voo comercial, financiado pela construtora. Neste domingo (20), o embaixador vai tentar agilizar os trâmites para que os brasileiros obtenham um visto exigido pela Líbia para a saída do país.
Hoje, forças de segurança abriram fogo durante um funeral em Benghazi, informou a rede Al Jazeera, deixando ao menos 15 pessoas mortas.
Um médico da cidade disse à rede de tevê árabe que 15 corpos chegaram ao hospital onde trabalha, além de feridos.
– Este não é um hospital bem equipado e esses feridos vêm em ondas. Todas as lesões são sérias, na região da cabeça, peito e abdome. São ferimentos de bala de rifles de alta velocidade.
A repressão às manifestações de oposição ao regime na Líbia aumentou hoje, mas a mobilização pela saída do ditador Muamar Kadhafi se intensificou ainda mais no leste do país.
Kadhafi ainda não falou publicamente sobre a mobilização contra seu regime, que já dura quatro décadas, mas os comitês revolucionários, que são parte importante do governo, ameaçaram os manifestantes com uma resposta "violenta e fulminante", em declarações citadas pelo site do jornal Azahf Al Ajdar, que pertence ao ditador.
Segundo a Arbor Networks, empresa de tecnologia da informação com sede nos Estados Unidos, a internet foi cortada na Líbia nesta sexta-feira (18), para evitar que os manifestantes convocassem novos protestos e se organizassem através da rede.
As revoluções que derrubaram os governos autoritários da Tunísia e do Egito serviram de combustível para a onda de protesto popular que se espalha pelos países islâmicos do norte da África e do Oriente Médio. Os regimes autoritários, governados por líderes que ficam por décadas no poder, se veem ameaçados pelos protestos tomam as ruas das principais cidades da região.
Além de maior liberdade política e reformas no sistema, os manifestantes pedem melhores condições de vida, mais empregos e menos corrupção. O Itamaraty diz que acompanha a situação de outros países árabes onde também há revoltas, como Bahrein e Iêmen, mas até o momento não há notícias sobre brasileiros em dificuldades nessas regiões.