Oposição diz ter retomado controle de cidade no leste da Líbia
Forças pró-Kadafi atacam município de Brega na tentativa de retirá-lo do controle dos rebeldes líbios
Forças leais ao presidente da Líbia, Muamar Kadafi, entraram em confronto com opositores em uma luta pelo controle da cidade de Brega, no leste do país, onde está localizada uma refinaria de petróleo. Segundo testemunhas, os partidários do líder chegaram a controlar a refinaria nesta quarta-feira, mas, depois, os rebeldes retomaram o controle de toda a cidade.
As forças militares entraram em Brega com tanques e artilharia pesada, ocupando um bairro residencial. Segundo testemunhas, houve combates intensos no local e também no porto da cidade.
"Eles tentaram retomar o controle de Brega esta manhã, mas fracassaram. A cidade está novamente em mãos dos revolucionários", afirmou um dos opositores. "As forças de Kadafi chegaram a Brega e combateram, mas agora recuam", disse outra testemunha.
Foto: AFP
Rebeldes líbios em Ajdabiya comemoram notícia de que opositores retomaram controle de cidade próxima, Brega
A TV estatal líbia, porém, contradisse os rebeldes e disse que as forças pró-Kadafi controlam o aeroporto e o porto de Brega. Um repórter da emissora àrabe Al-Jazeera que está em Ajdabiya, a 75 km de Brega, disse que milhares de moradores estão se preparando para ajudar os rebeldes na cidade vizinha.
Ajdabiya também teria sido alvo de ataque nesta quarta-feira. Segundo um líder tribal, jatos das forças de segurança bombardearam um depósito de armas na cidade, que há alguns dias é controlada pelos rebeldes.
Kadafi faz pronunciamento
Em meio às notícias desencontradas sobre os confrontos em Brega, Kadafi fez um pronunciamento em Trípoli, durante uma cerimônia que marca os 34 anos da transferência do poder para o povo. Segundo Kadafi, em 2 de março de 1977, ele e os demais militares que derrubaram a monarquia em 1969 deixaram de exercer o poder.
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"Não somos um regime presidencial ou uma monarquia. Desafio qualquer pessoa que diz que eu exercito o poder", afirmou, enquanto era ovacionado por partidários. "A autoridade e o poder estão nas mãos do povo, e apenas nas mãos do povo".
O líder acrescentou que o sistema líbio "não é compreendido pelo mundo".
Apelo da ONU
A ONU fez um apelo por uma retirada em massa de pessoas que estão tentando cruzar a fronteira entre a Líbia e a Tunísia, alegando que a situação na região atingiu "um ponto crítico".
O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, disse que milhares de vidas estão em risco. A Tunísia já teria recebido 75 mil pessoas vindas da Líbia desde o início da crise no país vizinho, e outras 40 mil pessoas ainda estariam esperando para atravessar a fronteira.
O Alto Comissariado da ONU para os Refugiados e a Organização Internacional para a Migração pediram que os governos realizem "uma retirada em massa de dezenas de milhares de egípcios e outros cidadãos estrangeiros" e forneçam "um grande apoio financeiro e logístico, incluindo aviões, barcos e pessoal especializado".
Trabalhadores vietnamitas, indianos, turcos, tunisianos, chineses e tailandeses fazem parte do grupo preso na fronteira entre a Líbia e a Tunísia, muitos deles em um estado de exaustão.
Na terça-feira, guardas tunisianos tiveram de atirar para o alto em uma tentativa de controlar a multidão. "Precisamos de ações concretas para providenciar assistência humanitária e médica. O tempo é precioso. Milhares de vidas estão em risco", disse Ban Ki-Moon.
Com AP, AFP, Reuters e BBC
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