O dia em que o Brasil rompeu com o Irã
Após anos de abstenções e votos contrários, o Brasil apoia a investigação do Conselho de Direitos Humanos da ONU no Irã. É o fim da boa vontade com os aiatolás
JOSÉ ANTONIO LIMA
NOVA POSIÇÃO
O plenário do Conselho de Direitos Humanos; Brasil se aliou aos Estados Unidos
O plenário do Conselho de Direitos Humanos; Brasil se aliou aos Estados Unidos
A comunidade internacional, liderada pelos Estados Unidos e pela Europa, criou nesta quinta-feira (24) mais um mecanismo para pressionar o Irã. Em Genebra, o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas aprovou a criação do cargo de investigador dos direitos humanos no Irã, um posto sensível e que deve aumentar a visibilidade das violações cometidas no país. A surpresa da votação foi o posicionamento do Brasil que, rompendo com o que ocorria no governo Lula, votou a favor da criação do cargo.
A iniciativa da criação do cargo foi tomada pelos Estados Unidos. Além do próprio voto, a diplomacia americana conseguiu outros 21 para estabelecer o Relator Especial dos Direitos Humanos no Irã. Sete países votaram contra a resolução e outros 14 se abstiveram. “Hoje vimos o conselho responder a um crônico e severo violador de direitos humanos, que é o Irã, e estamos muito felizes com isso”, disse, segundo a Associated Press, a embaixadora dos Estados Unidos no conselho, Eileen Donahoe. Ela ainda destacou a margem de votos conseguida e classificou a decisão como “um momento inspirador”.
A alegria americana certamente foi ampliada com a presença do Brasil na lista de 22 países que votaram contra o Irã. A decisão foi um claro rompimento da gestão da presidente Dilma Rousseff com a política externa do governo Lula. Em novembro do ano passado, quando a Assembleia Geral das Nações Unidas votou uma resolução de censura contra o Irã, o Brasil se absteve, uma decisão duramente criticada pelos Estados Unidos. Em sua primeira entrevista como presidente eleita, ao jornal americano The Washington Post, Dilma criticou aquela decisão. Segundo a embaixadora do Brasil no Conselho dos Direitos Humanos da ONU, Maria de Nazaré Farani, o respeito aos direitos humanos é prioridade para a presidente Dilma Rousseff e, por isso, o Irã merece atenção. “O Brasil acredita que todos os países, sem exceção, têm desafios a superar na área. A presidenta Dilma Rousseff deixou claro, em seu discurso de posse, que acompanhará com atenção os avanços na situação de direitos humanos em todos os lugares , a começar pelo Brasil”, disse a embaixadora àAgência Brasil.
Ao comentar sobre o Irã, Maria de Nazaré citou especificamente a pena de morte. É um tema que lembra o caso da viúva Sakineh Ashtiani, salva de um apedrejamento oficial por pressão internacional, e que expõe o péssimo histórico do Irã no tema. Em 2009, o país persa executou quase 400 pessoas, número inferior apenas ao registrado na China. “É motivo de especial preocupação para nós a não observância de moratória sobre a pena de morte, não apenas no Irã, mas em todos os países que ainda praticam a execução de pessoas como forma de punição”, disse a embaixadora.
Além de os direitos humanos serem um assunto de grande importância para Dilma Rousseff – ela foi torturada nas mãos do regime militar brasileiro – há um claro interesse do Brasil na mudança de posição. No domingo, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, deixou o Brasil sem apoiar de forma explícita a inclusão do Brasil, de forma permanente, no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Só aproximando sua posição da americana em assuntos polêmicos como o Irã o Brasil conseguirá mudar o discurso da Casa Branca. Washington jamais apoiará a inclusão de um novo país no Conselho de Segurança que entre no colegiado para contestar suas posições.
A iniciativa da criação do cargo foi tomada pelos Estados Unidos. Além do próprio voto, a diplomacia americana conseguiu outros 21 para estabelecer o Relator Especial dos Direitos Humanos no Irã. Sete países votaram contra a resolução e outros 14 se abstiveram. “Hoje vimos o conselho responder a um crônico e severo violador de direitos humanos, que é o Irã, e estamos muito felizes com isso”, disse, segundo a Associated Press, a embaixadora dos Estados Unidos no conselho, Eileen Donahoe. Ela ainda destacou a margem de votos conseguida e classificou a decisão como “um momento inspirador”.
A alegria americana certamente foi ampliada com a presença do Brasil na lista de 22 países que votaram contra o Irã. A decisão foi um claro rompimento da gestão da presidente Dilma Rousseff com a política externa do governo Lula. Em novembro do ano passado, quando a Assembleia Geral das Nações Unidas votou uma resolução de censura contra o Irã, o Brasil se absteve, uma decisão duramente criticada pelos Estados Unidos. Em sua primeira entrevista como presidente eleita, ao jornal americano The Washington Post, Dilma criticou aquela decisão. Segundo a embaixadora do Brasil no Conselho dos Direitos Humanos da ONU, Maria de Nazaré Farani, o respeito aos direitos humanos é prioridade para a presidente Dilma Rousseff e, por isso, o Irã merece atenção. “O Brasil acredita que todos os países, sem exceção, têm desafios a superar na área. A presidenta Dilma Rousseff deixou claro, em seu discurso de posse, que acompanhará com atenção os avanços na situação de direitos humanos em todos os lugares , a começar pelo Brasil”, disse a embaixadora àAgência Brasil.
Ao comentar sobre o Irã, Maria de Nazaré citou especificamente a pena de morte. É um tema que lembra o caso da viúva Sakineh Ashtiani, salva de um apedrejamento oficial por pressão internacional, e que expõe o péssimo histórico do Irã no tema. Em 2009, o país persa executou quase 400 pessoas, número inferior apenas ao registrado na China. “É motivo de especial preocupação para nós a não observância de moratória sobre a pena de morte, não apenas no Irã, mas em todos os países que ainda praticam a execução de pessoas como forma de punição”, disse a embaixadora.
Além de os direitos humanos serem um assunto de grande importância para Dilma Rousseff – ela foi torturada nas mãos do regime militar brasileiro – há um claro interesse do Brasil na mudança de posição. No domingo, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, deixou o Brasil sem apoiar de forma explícita a inclusão do Brasil, de forma permanente, no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Só aproximando sua posição da americana em assuntos polêmicos como o Irã o Brasil conseguirá mudar o discurso da Casa Branca. Washington jamais apoiará a inclusão de um novo país no Conselho de Segurança que entre no colegiado para contestar suas posições.
Ao votar pela criação do cargo, a diplomacia brasileira tomou um dos lados em uma questão que não permite neutralidade: a disputa crescente entre Estados Unidos e Irã. A reação furiosa do embaixador iraniano no conselho, Seyed Mohammad Reza Sajjadi, indica que, para Teerã, a boa relação com o Brasil ficou no passado. Segundo a AP, Sajjadi disse que os EUA são "os grandes organizadores desta campanha" e que possuem um "papel destruidor" no conselho, uma instituição que foi "abusada" pelos interesses americanos. Se o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad já vinha manifestando descontentamento com as palavras de atos de Dilma, agora não deve mais correr atrás do apoio de Brasília.
Votaram pela criação do cargo de relator especial do Irã, além de Estados Unidos e Brasil, quatro países latino-americanos (Argentina, Chile, Guatemala e México), 11 europeus (Bélgica, França, Hungria, Noruega, Polônia, Moldávia, Eslováquia, Espanha, Suíça, Ucrânia e Reino Unido), três asiáticos (Japão, Coréia do Sul e Maldivas) e dois africanos (Senegal e Zâmbia). Os votos contrários foram os de Bangladesh, China, Cuba, Equador, Mauritânia, Paquistão e Rússia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu Comentário será analizado , tenha Respeito aos Leitores e a si mesmo...