Após resolução da ONU, governo da Líbia anuncia cessar-fogo
Objetivo é proteger civis, disse chanceler do regime de Kadhafi. Conselho de Segurança deu sinal verde para ação militar no país em crise
Foto: AFP
Rebeldes acenam a bandeira em Benghazi
Redação CORREIO
O governo da Líbia decidiu suspender todas as operações militares no país, um dia depois de o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) ter aprovado a criação de uma zona de exclusão aérea no país.
O anúncio foi feito pelo ministro de Relações Exteriores, Mussa Kussa. Segundo ele, o objetivo é proteger civis.
"Decidimos por um cessar-fogo imediato e pela paralisação imediata de todas as operações militares", disse.
Ele também afirmou que o país vai proteger todos os estrangeiros e seus bens na Líbia.
As potências reagiram com cautela ao anúncio feito pelo regime do ditador Muammar Kadhafi, que reprime há mais de um mês um levante popular contra seu governo. Os confrontos já deixaram milhares de mortos e provocaram uma crise humanitária no país.
A França disse que segue cautelosa e afirmou que a ameaça em terra não mudou na Líbia.
"Precisamos ser muito cautelosos. Ele agora está começando a ficar com medo, mas no terreno a ameaça ainda não mudou", disse o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores, Bernard Valero à Reuters TV.
A União Europeia afirmou que estava "examinando" os detalhes do anúncio antes de se manifestar.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, disse que as autoridades líbias devem cumprir todos os elementos da resolução. Em entrevista em Madri, ele não respondeu diretamente a uma pergunta sobre o anúncio do cessar-fogo.
Fontes médicas ouvidas pela rede árabe Al Arabiya afirmaram que 25 pessoas morreram em confrontos na cidade de Misrata.
E fontes dos rebeldes disseram que as forças de Kadhafi dispararam foguetes contra as cidades de Zintan e Misrata, também segundo a TV.
Não estava claro se isso ocorreu antes ou depois do anúncio do cessar-fogo.
Ataques em breveMais cedo nesta sexta, o porta-voz do governo da França, François Baroin, disse que os ataques contra a Líbia, previstos na decisão da ONU, acontecerão rapidamente e os militares franceses participarão das ações. "Os ataques acontecerão rapidamente", declarou Baroin que, no entanto, se negou a revelar quando, como e os alvos das ações.
"A intervenção não é uma ocupação do território líbio e sim um dispositivo de índole militar para proteger o povo líbio e permitir que coroe seu impulso de liberdade e, portanto, a queda do regime de Kadhafi", acrescentou.
"Os franceses, que estiveram na vanguarda deste pedido (de intervenção), serão naturalmente coerentes com a intervenção militar e, portanto, participarão da operação".
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, disse que o Reino Unido vai enviar aeronaves "nas próximas horas" para ajudar a impor a zona de exclusão aérea sobre a Líbia. Cameron também afirmou que o movimento é para salvar vidas e proteger as pessoas.
O Conselho de Segurança da ONU aprovou na quinta-feira (17) uma resolução que permite "todas as medidas necessárias" para proteger áreas civis e exige um cessar-fogo de Kadhafi, que havia anunciado uma ofensiva militar contra Benghazi, a principal cidade dos rebeldes. O anúncio foi recebido com comemoração por milhares de manifestantes antigoverno na cidade.
Os governos do Qatar e da Noruega anunciaram na manhã desta sexta (18) que participarão das operações internacionais.
A Agência Europeia de Controle Aéreo (Eurocontrol) anunciou nesta sexta a proibição de todos os voos para a Líbia e afirmou ainda que Trípoli negou ter fechado seu espaço aéreo.
A União Europeia, a União Africana e a Liga Árabe se reunirão no próximo sábado (19) em Paris na presença do secretário geral das Nações Unidas para discutir o conflito na Líbia, anunciou Hicham Yusef, representante da organização pan-árabe.
Sem medoO filho de Muammar Kadhafi, Saif al Islam, considerado sucessor do ditador na Líbia, disse nesta sexta que “não tem medo” de uma intervenção militar internacional após a resolução aprovada na noite de quinta.
“Estamos em nosso país e com nossa gente. E não temos medo”, afirmou, em declarações à emissora americana “ABC”. As informações são do G1.
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